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Sergius Dizioli

O Último Trem

O Último Trem

Tênues imagens respiram no ar rarefeito da minha memória

Que conspiram silenciosamente a parecer que de fato as vejo

Não como miragens ou ficções que são, mas reais e presentes

Tudo acontece categoricamente contra uma nova distância

De seres que nunca estiveram presentes, todavia são um só

No outro lado da rua as pessoas transitam, inscientes a tudo

Na gare da imaginação o trem já embarcou seus passageiros

Os trilhos dessa estrada de ferro seguem a direção dos olhos

Fixos no sonho adiante, mansos, perdidos na distância azul

Todos os viajantes cada um sentado no seu lugar, soa o apito

A música toca suave nos vagões preenchendo-os de nostalgia

As horas impulsionam, discretas, os ponteiros de meu relógio

E a lua, completando o cenário, traça seu arco no céu noturno

Brancas nuvens leves que imitam ovelhas sob a prata do luar

As frases que nunca foram ditas amordaçam minha coragem

Desembarco na estação da desesperança com todas as malas

Meu trem segue deixando um rastro de fumaça branca no ar

Minhas imagens e miragens se vão com ele sem dar um aceno

Aos poucos calam no silêncio dessa plataforma sempre vazia

Quantos trens haverão de partir até ter meu coração de volta

Prendo a respiração e as lágrimas. A sina do poeta é ser assim.